sexta-feira, 2 de agosto de 2013

x / o

num ano vagando por entre ventanias passadas
eu cresci observando os passos delicados
que desapareciam pisada após pisada
pela escada descendente de seu quarto
de seu conforto
até estar fixa ao lado

conheci o cheiro indistinto e ocre
o estranho ritmo monocórdico d
um leve pulsar
que passava desapercebido a maior parte do tempo

eu cresci por entre faces borradas
que achavam sua segurança
em padrões disformes
linhas traçadas paralelas e transversais
e cresci assim

eu como eles
eu mais eles do que eu próprio

e procurei por entre altos muros de mármore e concreto
pelo rosto e pelos dentes talhados
revelados numa foto trêsporquatro
procurei por entre pesos e por vezes procurei
absorto
como se nada mais importasse &/ou como se tudo fosse importante
procurei pela verve
procurei pela voz e pela rouquidão

(um ronco)

eu vaguei pelas tribos solitárias
e pelas tribos enaltecidas
e procurei por entre altos muros de concreto e mármore
pela escada ascendente do teu quarto
em silêncio

e eu peço para ir embora e eu peço para voltar
repetidas e infinitas vezes
num monocórdico tom
- que não é lamento nem rejubilo -
mas o drone metálico e frio
que ressoa ocre e que
às vezes
me consola

um ano eu passei vagando pela beira
de furacões e calmarias
e cresci e me tornei sábio e me perdi novamente
por entre os ventos talhados em rostos imutáveis
que permanecem estáticos no tempo
como se apenas o que importasse
fosse o tempo em si
e nada mais.

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