Ela sorriu discretamente, os olhos cintilantes de emoção. Minha boca encheu-se de saliva por um momento, somente para secar no seguinte. Durante uma fração de segundos, vislumbrei-me me aproximando dela, o primeiro gole de cerveja no boteco mais próximo, perguntando o que ela fazia da vida, respondendo a mesma pergunta, aproximando meu rosto pedindo pelo primeiro beijo como quem pede por absolvição. Me vi andando de mãos dada com ela, passando noites em claro, ora fazendo amor, devoto do corpo dela, ora discutindo e berrando, desviando de objetos inanimados voando em minha direção, vendo-a chorar e indo ao seu encontro para abraçá-la e dizer que vai ficar tudo bem. Comemorando minha promoção, redecorando o apartamento, descobrindo surpreso que ela está grávida, ficando mudo por meio minuto somente para rir descontrolado de alegria nos trinta segundos seguintes; vendo nosso filho aumentar a barriga e os seios dela, repetindo que ela continua linda (e ela continua), segurando sua mão e o choro enquanto ela berra pelas dores do parto; babando junto com outros pais babões na vitrine de exposição do berçário, levando-os, minha mulher e meu filho, para casa, repetindo "eu te amo".
Eu a vi e pensei em tudo isso, mas já era minha estação; então eu sai do vagão e subi apressado as escadas rolantes enquanto as portas do metrô se fechavam lentamente...
quinta-feira, 12 de março de 2009
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8 comentários:
melindroso. cruel, indeed.
do calabouço de minha profusão antipalavra, lindo isso.
o metrô parte o coração de todo mundo mesmo
isso foi uma das coisas mais legais que eu lí nesse ultimos tempos!
rs. bom dia...
muito legal, seu verme insolente.
=D
quero mais!
:~~
muito phoda esse. curti baldes!
kissu :*
pô eu quero mais!
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